quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A Vontade de Sermos Vistos

A VONTADE DE SERMOS VISTOS 
Por Maria Luisa




Por que você decidiu ser bailarino?
O que você imagina-se fazendo?
Quando se imagina dançando aquela variação dos sonhos, se imagina no palco ou imagina que está na plateia olhando a si mesmo?
Já parou para pensar que talvez esteja olhando na direção errada? E que tudo na vida para ser visto necessita ser olhado?
Se olhamos na direção errada, não vemos nada ou o que vemos é uma realidade distorcida.


Tive outra grande sacada.
Eu danço por mim ou pelos outros? Minha vontade é ser ótima para mim ou para os outros?
No mundo da arte, obviamente, temos de ter uma platéia.
Não há bailarino que se consagre sozinho, piruetando em seu quarto no escuro.
É aí o x da questão. A plateia apenas se beneficia do que o bailarino expõe, mas o bailarino DEVE ser o maior beneficiado. Você é? Do contrário, não há por que se aventurar neste mundo.
Nos apresentamos desejando sermos vistos ou nos apresentamos desejando satisfazer a nós próprios por meio do movimento?

Me encontrei em crise, me encontrei pensativa.
Agora já não me entendo mais, minha visão está turva.
Estou reavaliando minha vida e isso inclui o ballet.



Nunca entendi pessoas que já fizeram ballet dizerem odiar ballet, eu achava que elas estavam loucas. Agora talvez eu entenda. Você se frustra porque quer deleitar olhos alheios, porque quer emocionar aos outros, porque quer girar 32 fouettes pelos outros e se esquece de tirar proveito de sua dança. Você passa 8 anos da sua vida para se formar, se criticando, se culpando, por vezes criando distúrbios alimentares e torturando-se mentalmente, só para conseguir mostrar a pessoas que você NÃO conhece todo o seu virtuosismo e seu talento em 5 minutos no palco, talvez, para que depois elas comentem que “aquele bailarino é bonzinho até, mas falta alguma coisa...”. E aí você desiste e culpa a elas, promete a si mesmo nunca mais pisar naquela sala de linóleo, com a barra e um espelho - aquele que você olhava para apontar suas gordurinhas - quando o verdadeiro culpado é você mesmo, que passou tantas vezes por cima da sua vontade para que os outros te achassem o melhor bailarino. A partir deste dia, você odeia ballet.


Talvez eu ainda precise de uma semaninha para colocar os pensamentos em ordem, mas eis neste texto o que me ocorreu hoje.

Ballet é de dentro para fora, não de fora para dentro.
Ballet não é arte visual, é arte interior exteriorizada visualmente.

Aceite os altos e baixos, nem sempre você vai estar em sua melhor forma ou com sua melhor disposição. Não pense naquela pirueta dupla que você não consegue virar, pense naqueles saltos, aqueles que você ama fazer e arrasa.


E se for para dançar, que seja pelo motivo certo.

domingo, 3 de outubro de 2010

Giselle e a sublime arte da interpretação

Quando me lembro de Giselle, vêm na memória, algumas cenas, analisando percebi que Giselle é um dos papéis que mais requer a interpretação, além da técnica.

Separei alguns vídeos que demostram excelentes atuações, escolhi a cena da loucura para vemos.

Interpretado Giselle:

Olga Spessivtzeva, uma vez fiz um post sobre ela....Lembram?? Red Giselle
Obs.: Desculpa para quem não concorda, mas ela é Giselle. Acredito que a vida pessoal fez com que ela pudesse ser "A Giselle".

Natalia Makarova, 1977

Obs.: Um dos melhores papéis para ela.

Carla Fracci, 1969

Obs.: Não tinha ainda visto ela nesse papel, por isso que ela se dedicou a carreira de atriz.

Alessandra Ferri

Obs: Nos dias atuais, ela é única até o momento que me fez acreditar que estava louca de verdade.

Vale a pena ver:

Bjs...

"Dedicado a Jackeline Vieira, uma bailarina que quase desistiu do ballet e recentemente dançou Giselle."