De aprendiz a prima ballerina, a ascensão das estrelas russas
Por Maria Luisa
Comecemos por falar de repertórios e das bailarinas mais polêmicas e com mais exibições em canais no Youtube.
Natalia Osipova em Desafio de Kitri (sim, esta variação é popular): a energia que ela coloca na personagem, a força, aqueles saltos e a velocidade dos "pezinhos" dela em toda a sequência. Acho maravilhoso assisti-la em Esmeralda também, aquela precisão e o pé batendo no pandeiro lá no alto (embora Esmeralda seja, para mim, mais do que isso e eu não veja essa variação como uma mera altura de perna). Natalia Osipova é explosão!
Próxima!
Svetlana Zakharova e seu pernão, seu pezão, seu tudo ão. Sempre criticada, como foi Sylvie Guillem em seu tempo. Falta de expressividade? Não sei! A questão é que só odiamos o que amamos, então para os que falam de Zakharova... Lamento! Aposto que adorariam ser como ela.
Chegamos então a Alina Somova. A questão é que ela impressionou e chegou com tudo no Kirov Ballet, conquistando papeis principais dos repertórios mais cobiçados. Comparam-na a uma acrobata que destroça a arte e o estilo do tradicional Teatro Mariinsky por valorizar demais as extensões do corpo. Já li um texto sobre ela que tinha como título a pergunta: "Alina Somova, dançarina ou circense?". Neste mesmo texto, o autor conta que Maya Plisetskaya arranca seus brincos de diamante e os entrega a Alina, após assistir a uma de suas performances. Alina é ovacionada ou vaiada, não há meios-termos.
É verdade que as coisas evoluem e algumas coisas passam a ser consideradas ultrapassadas, mas o ballet clássico não deve se perder em meio a bailarinos que compensam a falta de coração com hiper extensões. Por outro lado, a técnica é algo para se aliar a arte e contanto que este papel do clássico seja preservado (o papel artístico), não vejo problema algum nessa nova geração de bailarinos.
Assistir a essas bailarinas e muitas outras com estilos diferentes, me fez pensar na bailarina que eu vou ser. Delicada como Marianela Nunez, elegante como Tamara Rojo ou explosiva como Natalia Osipova?
Fato é que se conseguirmos ver a beleza de cada uma, veremos que todas contribuem para o clássico ser como é. Fala-se muito em diversidade nos dias de hoje e essa diversidade pode ser observada no ballet, que tanto tem a nos oferecer e impressionar. Uma arte que nunca morre. E por que não? Por que ela ainda sobrevive? Essas perguntas ficam no ar, livre à opinião de vocês.
Abaixo estão dois vídeos extraídos do documentário "Ballerina" que muitos, com certeza, já assistiram, para que todos entendam o motivo do título e a extrema seletividade na maior companhia do mundo. Os vídeos ilustram os estudos de uma jovem Alina e depois sua entrada no Kirov.
Doc. Ballerina Part 1
Part 2
Desse post, deixo a vocês algumas coisas a se pensar:
- Alguém aqui reclamaria de dançar como Sylvie Guillem, Svetlana Zakharova, Natalia Osipova ou Alina Somova? Pensem nisso de verdade, sem responder da boca pra fora.
- Que tipo de bailarino você é? Que tipo de bailarino você quer ser?