Por Maria Luisa
Ingressos esgotados, teatro lotado. Nos camarins toda a correria que a ocasião pede. Coloca roupa, faz maquiagem, faz cabelo, se aquece. O corpo de baile olha para a plateia da coxia e se espanta com o número de pessoas.
Inicia-se o espetáculo. Uma variação após a outra. Entra bailarino, sai bailarino.
Na plateia existem quatro tipos de olhares: o olhar vazio e sem significado, o olhar reprovador, o olhar assustado e o olhar de deslumbramento.
O olhar vazio é aquele dos leigos que não entendem a dimensão do clássico e, muitas vezes, não valorizam o trabalho dos bailarinos por isso. Eles não veem sentido algum em coisa alguma. Eles estão no teatro apenas para preencher as poltronas vazias e dizerem às pessoas o quanto são cultos e entendidos, por já terem assistido a um espetáculo de ballet.
O olhar reprovador vem de bailarinos, coreógrafos e professores, que te assistem com os olhos da técnica para julgá-lo e condená-lo por suas falhas, quando deveriam deixar tudo isso de lado e apenas assistir com os olhos do coração, como apreciadores dessa arte.
O olhar assustado vem daqueles que não entendem nada e se perguntam como aquelas pessoinhas que estão no palco conseguem fazer aquelas coisas. Essas pessoas chegam a pular de susto da poltrona com os saltos dos bailarinos.
O olhar de deslumbramento vem daqueles que admiram imensamente o que estão assistindo, daqueles que enchem o peito com uma respiração intensa, daqueles que têm os batimentos pulsando junto com a música.
As pessoas do primeiro grupo deixam o teatro da mesma forma que entraram.
As pessoas do segundo grupo deixam o teatro com aquela linguinha áspera em ação por, pelo menos, uma semana.
As pessoas do terceiro grupo deixam o teatro com os olhos arregalados do tamanho de uma bola de ping-pong e de boca aberta, como se fossem devorar um boi e prometem que seus filhos nunca se arriscarão da forma como aquelas pessoas malucas se arriscam, ou saem fazendo comentários do tipo "Que pé torto o daquela menina, ele dobra no meio, que horror!", "Eles quase viraram do avesso, parecia que iam quebrar...".
Mas as pessoas do quarto grupo... Ah, as pessoas do quarto grupo. Elas deixam o teatro diferentes de quando entraram e nunca mais esquecem, foram tocadas e todo o esforço dos bailarinos teve significado. Ao final do espetáculo, elas são as primeiras a se levantarem com os olhos cheios d'água e iniciarem as palmas que ecoam mais forte do que as palmas das pessoas dos outros grupos. E isso soa como música aos bailarinos, coreógrafos, ensaiadores, figurinistas e a todos os outros responsáveis para que o espetáculo fosse este sucesso.
Miyako Yoshida em um palco repleto de flores na chamada cortina final de sua última aparição no Royal Opera House, em Abril de 2010, após dançar no balé Cinderela Sir Frederick Ashton .
Foto de Bill Cooper © 2010
E então? Para qual grupo vocês querem se apresentar?
Que post lindo, amei seu texto! *---*
ResponderExcluirBeijos.
www.makeupandgirls.blogspot.com/
Amei o texto!
ResponderExcluirEu mesmo depois de algum tempo na escola de dança,prefiro dançar para Deus...Ele além da minha forma de dançar,vai olhar para dentro do meu coração...bjO
com certeza sou do 4° grupo! eu ja me amociono em casa quando vejo os ballets no dvd ou no pc, imagina o dia q for assistir ao vivo!!!! vai ser emoçao a flor da pele!!!
ResponderExcluirtexto lindo! amei
AAAAAH, ameiii o teu texto, garota!!!
ResponderExcluirCom certeza, todas as bailarinas e bailarinos esperam aflitos ao final de um espetáculo, qual será o OLHAR pelo qual receberiam após essa apresentação!!!
MUUUUUITO BOM, O POST!
Beijinhos
Concerteza pro quarto grupo, muito lindo o texto amei!passa no meu blog http://eutambmdanoballet.blogspot.com bjs
ResponderExcluirGente! Que bom que vocês gostaram, de verdade... fico muito feliz!
ResponderExcluirEu sou apenas a escritora dos textos, então eu prefiro que os comentários sejam livres à interpretação de cada um, prefiro não discutir sobre o que vocês acharam e até por esse motivo, não comentei nada no primeiro post... Eu apenas introduzo a reflexão e o desenvolvimento é de vocês.
Mas preciso agradecer... Por isso, além de agradecer os comentários do "Para quem vocês querem dançar?", quero agradecer os comentários do meu primeiro texto, o "À La Ballet" e, em especial, agradecer as boas-vindas de vocês e o convite da Taís pra elaborar alguns posts do blog.
Só como comentário, não é uma realização enorme dançar pra quem realmente vê a beleza na dança?
beijos
Maria Luisa
Adorei!!!!!!!!!!!!!!!
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