quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

POLÊMICA - PARTE II

Me redimindo
Por Maria Luisa

O post passado tratou de um assunto que dá o que falar, mas fiz questão de levantar a polêmica como forma de questionamento a todos.
Quando a gente começa no ballet, a gente entra na sala com um pensamento que vai mudando conforme nossa vivência e é necessário nos questionarmos sobre as nossas metas.
Não estou dizendo para imitarem Osipova, Somova e Zakharova, as bailarinas que falei no outro post, e nem Fonteyn, Asylmuratova, Plisetskaya. Não adianta querer fazer como elas ou chegar ao nível delas, mas como mencionado no post anterior, descubram que tipo de bailarinos vocês são e não façam força para irem na direção contrária. Já assistiram Tamara Rojo em A Branca de Neve? E em Esmeralda? A Branca de Neve delicada como só ela consegue fazer e a Esmeralda também delicada. Esta é Tamara Rojo. Ela não foi contra sua delicadeza, fez proveito dela.
O importante é dançar com paixão e plenitude a ponto de deixar quem assiste intrigado. Há bailarinos que esticam a perna a 180º, mas não conseguem deixar o movimento tão bonito quanto os bailarinos que esticam a 90º.

É outra coisa a se pensar... E é claro que é tudo uma questão de gosto pessoal.
Agora, para me redimir, admito a expressividade e poder de interpretação das divas do passado. Sim, Margot Fonteyn tinha pose de diva e isto é inegável. As primas ballerinas de hoje têm as divas do passado como inspiração. O que seria do ballet HOJE sem elas?
É isso que Margot Fonteyn, a de pés ruins, é. Alguém em quem se espelhar, o modelo de bailarina que leva a arte a um patamar diferenciado. Quando ela dançava Giselle, ela era Giselle, quando ela dançava o Lago dos Cisnes, ela era Odette e Odile, quando dançava Romeu e Julieta, ela era Julieta. E ser tantas pessoas com tanta facilidade é o que fazia ela ser ela, a dama Fonteyn.
Abaixo, um trecho de um ballet chamado Ondine, feito para Margot Fonteyn pelo coreógrafo Frederick Ashton.


OBS.: Temos que ter em mente que fazemos o que amamos, nós, simples amadores. Imaginem como é para estes bailarinos que têm a dança como VIDA, que ficam o dia todo ensaiando os mesmos passos até atingirem a "perfeição", tomarem conhecimento de cada comentário ríspido sobre seu trabalho. Se fossem vocês os bailarinos apedrejados, o que vocês sentiriam? Não se sentiriam injustiçados? Não pensariam no longo caminho que percorreram para chegar onde estão para tantas pessoas enumerarem defeitos em vocês?

É claro que como bailarinos nós devemos dar a cara a tapa, tanto em um simples exame promocional de uma academia, quanto como primeiro bailarino de um ballet de repertório em uma companhia de renome internacional. Só entendemos a crueldade deste mundo ballelístico quando ouvimos de um jurado que estamos gordos demais ou que devemos desistir porque não temos talento o suficiente, ou de um crítico que diz coisas semelhantes, mas como ESPECTADORES, nós não devemos aplaudir e reconhecer o trabalho de quem passa pelo que passamos? Foi exatamente o que falei em um trecho deste POST: “O olhar reprovador vem de bailarinos, coreógrafos e professores, que te assistem com os olhos da técnica para julgá-lo e condená-lo por suas falhas, quando deveriam deixar tudo isso de lado e apenas assistir com os olhos do coração, como apreciadores dessa arte.”.

Que ousadia criticá-los...


A Dama Margot Fonteyn
em Ondine
Foto Retirada do site: Corbis Images

8 comentários:

  1. Querida, todo e qualquer artista tem que estar preparado para críticas - de onde quer que venham. Isto é um fato da vida. Quem nao quer crítica tem que fazer seu ballet entre quatro paredes - e nao deixar ninguém ver... entendes?

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  2. Com certeza, eu entendo e concordo!

    Até citei no texto que devemos dar a cara a tapa já que as críticas são constantes para qualquer artista, porque mesmo como uma "pseudo-bailarina", eu vivencio isso ao receber minhas críticas e tento fazer bom proveito delas.

    Só não concordo com as críticas sem fundamento, que evidenciam aquela pontinha de inveja. Sabe aquelas pessoas que ficam procurando defeito em tudo, debocham e não ficam satisfeitas com nada? Foi disso que eu falei no post, pois chega a ser uma atitude atrevida.

    Como a Jade Christinne comentou no primeiro post (gostei muito do comentário dela), cada bailarino apresenta uma particularidade que o diferencia e cada bailarino conquistou seu espaço mesmo possuindo suas imperfeições.

    Obrigada pelo comentário!
    Beijos

    Maria Luisa

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  3. Seu texto me lembrou muito o filme Cisne Negro? É realmente maravilhoso, para nós que somos bailarinas. Por mais que seja um pouco pesado... Tenta mostrar o quanto nós queremos e tentamos dar o sangue por um papel, pelo Ballet... Gostei de alguns dos seus textos, não li todos ainda. Sou bailarina também...

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  4. Primeiramente, vc tem toda a razão!!! Nunca se deve julgar o livro pela capa. Seus textos são maravilhosos!!!!

    Agora Tais, tenho um selinho pra ti minha linda^^ Passa la no meu blog pra pegar viu????
    Saudades Srta. Toshie kkkkkkkk

    Bjão

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  5. Concordo plenamente, amei o post, passa no meu blog acabei de postar sobre esmeralda http://eutambmdanoballet.blogspot.com bjs

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  6. texto maravilhoso ! eu já sofri com olhares reprovadores de profissionais. no dia do meu exame, justamente na hora da pirueta, a jurada estava olhando pra mim com uma cara de super brava e acabei me desequilibrando pra piorar a situação. Chorei horrores no final mas consegui passar no exame ! e evidente que o papel de um jurador é julgar e criticar os erros mas deveriam também olhar a dança com o coração ao invés de dizer coisas que o derrubam . Isto acontece com cantores e atores também . Quando assisto ao Ídolos vejo muito isso. O candidato pode não ter dado aos jurados o que eles esperam mas ele também suas qualidades e seu talento e eles dizem assim na cara do candidato : "você não canta nada" ! Isso é um horror, ninguém sabe o que um artista passa na vida pra chegar até onde está e dizer isso é horrível !

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  7. Oi Tays, td bem???
    muito obrigada por passar la no meu blog...
    O Pássaro de Fogo é muito lindo mesmo, assim como Petrushka e Scheherazade. Mas sobre o que quero dançar na minha formatura?
    Aiai... Eu fico na dúvida... São tantas peças lindas!!! gosto de todas q ja vi!
    Hj assisti Jewels... me emocionei!!!

    Bjinhos linda^^

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